quinta-feira, 2 de maio de 2013

MELANCOLIA (Lars Von Trier)

 

      
       Histórias de vida, estrutura psiqúica e livre arbítrio... cada sujeito  tem como direito a liberdade de expressão e de idealizar sua vida como bem desejar. Tal condição possibilita a emergência de conflitos e divergências, contudo, também abrem caminho para discussões saudáveis, conscientizações e aprendizados que não aconteceriam se todos nós fossemos  iguais. O caso é que, com a possibilidade de sermos excepcionais em algo, no pensar e sentir, surgem as fragilidades de nosso psicológico, portas que possibilitam a origem de estados psíquicos e condições que, muitas vezes, permanecem como incógnitas. Um exemplo desses estados é a melancolia. Freud, em seu clássico texto Luto e Melancolia, já previa uma certa dificuldade para definir esta condição emocional que se assemelha ao luto, mas sem o contexto da perda. O problema na identificação da melancolia é que ela se manifesta de diversas formas, dificultando seu enquadramento em um bloco único. Para a psicanálise, a melancolia é o estágio mais extremo da depressão. A apatia do melancólico é fruto da perda de algo ou de alguém, que precisa ser compreendida e superada, em um processo semelhante ao do luto. A diferença é que, enquanto no luto a perda é compreendida, na melancolia ela é inconsciente: não se sabe o que foi perdido."Nada atrai o melancólico, a não ser o próprio  sofrimento. Ele está absorvido nele mesmo", diz Sandra Edler, autora de "Luto e Melancolia: À Sombra do Espetáculo" . A cultura atual conspira contra o melancólico, diz a psicanalista. "Se a pessoa perde algo, precisa se recolher, mas a vida a chama para um eterno desempenho, se não quiser perder espaço."
Por esse, entre outros motivos,  produção dirigida e escrita por Lars von Trier não poderia ter outro nome senão a desta disfunção emocional, MELANCOLIA.O filme mostra desde a felicidade, com pequenos desvios e falhas, até o árduo estado de desânimo e desinteresse pelas coisas do mundo em dois distintos episódios da história de duas irmãs, Justine e Claire. Assim como a melancolia definida por psicólogos, o filme não funciona em um único bloco, sendo dividido em duas partes que assemelham-se à curtas-metragens de mesmo elenco tamanha a divergência entre ambas: o que a princípio remete-nos a uma constrangedora reunião familiar realizada devido a comemoração do casamento de Justine, passando pelas tênues linhas entre o vergonhoso e o rotineiro dos comportamentos humanos, finaliza-se com nada mais, nada menos, que o fim do mundo através da visão de von Trier.
Fontes: 
* http://www1.folha.uol.com.br
* http://cinemaeafins.com

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