segunda-feira, 13 de maio de 2013

Crianças retráidas

      
   
   As crianças retraídas são crianças que se reprimem. A definição "retirar ou não manifestar" é muito apropriada. Em algum ponto do caminho elas aprenderam a manter a boca calada, alguém falou demais e elas captaram a mensagem. Essas crianças realmente "se fecham", segurando rigidamente sentimentos e experiências dentro de sua concha. É preciso uma bordagem delicada frente a essa criança. Ela, tão poderosa no estado retraído, não está disposta a desistir facilmente de tais poderes. Está criança não está usando sua arma intencionalmente  Ela aprendeu em algum ponto de sua vida que era algo que tinha que fazer, e mesmo que as circunstâncias tenham se modificado, ainda o faz. Ou então usa a arma porque sente que é perigoso demais abir-se e falar.
     A criança retraída muitas vezes acha-se em estado de isolamento porque é incapaz de participar de uma comunicação interpessoal livre e segura. Tem dificuldade em exprimir seus sentimentos de afeto bem como de raiva. Ela tipicamente se mantém num local seguro, evitando o risco de rejeição ou mágoa. A espontaneidade não lhe é familiar e a deixa assustada, embora possa admirá-la nos outros e desejar ser mais solta, aberta, fluente.
    Quanto mais velha a pessoa, mais difícil é varar os anos e anos de sua parede protetora. Mas o adulto, com um esforço consciente, pode contra-atacar isso por meio da sua vontade, da sua determinação em ser diferente. A criança pequena, porém , acha-se imersa na sua necessidade de se proteger, e geralmente não está cônscia do seu estado de retraimento, embora possa saber que alguma coisa não está em ordem. (Violet Oaklander)

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Terapia em grupo...será?




 

O convívio grupal cria laços emocionais que possibilitam uma melhorar na qualidade de vida dessas pessoas, pois aprendem a avaliar seus padrões de comportamento e a perceber seu funcionamento psíquico através da ajuda de seus pares, podendo dessa forma, experimentar mudanças internas e externas em suas relações.


·         INDICAÇÃO: alcoólicos, toxicômanos e neuróticos anônimos, pais de excepcionais e grupos de soropositivos de HIV.
·         Grupos homogêneos (com as mesmas questões), em busca de apoio, consolo e alivio.


FATORES CURATIVOS DE UM TRABALHO EM GRUPO SEGUNDO VERA LEMGRUBER:

  • Coesão grupal: atração do grupo para os seus membros e seus problemas, possibilitando a ocorrência de fatores curativos.
  • Instalação de esperança: pela percepção da evolução de cada membro do grupo, crédito na própria dinâmica, no potencial de cada um e na existência de soluções viáveis para suas questões.
  • Compartilhamento de informações: são as questões introduzidas pelos terapeutas ou pelos membros do grupo que depois de discutidas são incorporadas. As experiências novas, fruto dos debates, podem gerar a reestruturação de novas atitudes em alguns membros do grupo.
  • Universalidade: cada membro do grupo constata que não está só, nem é o único a enfrentar tal problema.
  • Altruísmo: oportunidade de ajudar o companheiro, sair de si mesmo para compreender o problema do outro e encontrar soluções, partilhando suas dúvidas e celebrando suas conquistas.
  • Desenvolvimento de técnicas socializantes: atividade que se torna possível devido ao convívio do grupo, que pressiona a cada um a deixar-se ajudar a contribuir para a melhora dos outros, a reagir as provocações, a se defender, a se divertir, a reformular padrões de reação, a entrosar-se e a respeitar a si próprio e aos outros.
  • Comportamento imitativo: utilizar como modelos ás relações estabelecidas entre o terapeuta e o grupo, bem como dos membros do grupo entre si. É fundamental que as relações sejam de boa qualidade para que a imitação seja de efeito positivo.
  • Ventilação e catarse: intercâmbio de sentimentos gerados por experiências compartilhadas, que por sua vez provocam a liberação de emoções que incomodam por seu acúmulo.
  • Recapitulação corretiva do grupo familiar primário: repetir no grupo terapêutico o padrão relacional estabelecido com a família durante a infância. Em cima deste modelo o paciente pautará o seu relacionamento com outros membros do grupo, substituindo pessoas significativas da sua vida. Isto facilita a elaboração de conflitos reais ou imaginários que serão resolvidos através do “feedback” oferecido pelo grupo e pelas interpretações do terapeuta.
  • Aprendizado interpessoal: fato curativo que se sustenta na importância das relações interpessoais. Cada individuo cria no grupo o universo interpessoal que é adaptativo no sentido evolutivo e cultural.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Jaqueline Tozato - Psicóloga clínica de orientação psicanalítica (crianças, adolescentes e adultos).
* Particular
* Planos de saúde (confira no site: http://clincorpoemente.com.br/)

Telefone:(41) 3332-6315

terça-feira, 7 de maio de 2013

Hospitalização (Hospital-Usina)

     

      Grandes avanços na medicina e farmacologia permitem que hospitais se tornem centros nos quais a tecnologia impera. Diagnósticos são realizados precocemente e tratamentos se tornam mais sofisticados, podendo prolongar vidas até um ponto nunca antes imaginado. Mas será que a preocupação com pessoas doentes, sua história, sua subjetividade e as relações com o entorno têm recebido o mesmo destaque dado á tecnologia? Infelizmente, não. Quanto mais avança o desenvolvimento tecnológico, parece que menos de olha para as pessoas. Olhos voltados para máquinas não percebem as sutilezas do olhar e do sentir de uma pessoa doente.
        No relato de alguns doentes, eles não se queixam dos enfermeiros ou dos atendentes, pois esses fazem um trabalho difícil de acompanhante e não os reduzem a objetos a cuidar. Os pacientes sabem que são chamados por números porque a rotatividade dos leitos é muito grande. 
       Em hospitais, de forma mais especifica "Hospital-Usina", como chama Charentenay (deifinição de/ lugar onde pacientes e equipe se tornam vítimas da enconomia e do rendimento), tudo é previsto para que erros não aconteçam: as informações técnicas são transmitidas, as consígnias são bem conseguidas, as precauções contra os acidentes pós operatórios são aplicadas ao pé da letra. os resultados são admiráveis. A técnica está afinada. Não se perde mais tempo, os dias de hospitalização são reduzidos e as taxas de sucesso aumentam. O hospital-usina é um sucesso quanto aos resultados. Resta saber se ele responde às demandas de "como realizar.
     Com frequência os doentes não tem coragem de se dirigir ao médicos ou às enfermeiras, observa-se que os escolhidos para interlocutores são aqueles que executam tarefas mais simples e estão física ou geograficamente próximos do doente. Esse dado anuncia que é necessário oferecer formação e suporte psicológico aos atendentes, ao funcionários da limpeza, pois é com eles, os que também não têm poder e palavra, que ocorrem a identificação e a comunicação que contribuirão para amenizar o sofrimento gerado durante o tratamento.

Hospital, saúde e subjetividade (Vânia Mercer e Ana Claudia Wanderbroocke)

A tarefa árdua de evitar o sofrimento


O sofrimento nos ameaça a três direções: de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que nem mesmo podem dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de advertência; do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; e, finalmente, de nossos relacionamentos com os outros homens. O sofrimento que provém dessa última fonte talvez nos seja mais penoso do que qualquer outro. Tendemos a encará-lo como uma espécie de acréscimo gratuito, embora ele não possa ser menos fatidicamente inevitável do que o sofrimento oriundo de outras fontes.” (FREUD, 1997)

 

       A tarefa de evitar o sofrer é uma pratica comum ao homem. Segundo Freud (1997), o homem pode evitar o desprazer isolando-se de seus semelhantes, ou seja, evitando contato com o mundo externo e suas regras (que têm como objetivo ajustar os relacionamentos na sociedade, no Estado e na família). Outro método é o uso de substâncias químicas que, do ponto de vista freudiano, funcionam como “amortecedores de preocupações”, provocando no sujeito sensações prazerosas e alterando sua percepção em relação a estímulos desagradáveis. Outra forma de se defender do sofrimento implica na dominação das necessidades internas, algo como silenciar a mente, práticas comuns na meditação e na yoga. Outra perspectiva consiste no deslocamento da libido para atividades intelectuais e criativas, a sublimação. Uma das formas mais eficazes de evitar o sofrimento, porém destruidora, é a ruptura com a realidade – característica presente na estrutura de personalidade psicótica, na qual o sujeito constrói uma nova realidade, onde aspectos insuportáveis não mais existam.
       No entanto, essas saídas que têm como objetivo evitar o sofrimento, nem sempre são bem sucedidas, pois proporcionam a felicidade de forma destrutiva, momentânea ou pela quietude – na qual o sujeito abandona suas atividades em sociedade. Sendo que nenhum método mostra-se eficaz e duradouro no que diz respeito ao preenchimento do vazio sentido pelo sujeito que se encontra em sofrimento psíquico.
      De acordo com Dantas e Tobler (2003), a dor do viver pode ser comparada a um estado de suspensão, no qual o sujeito não consegue encontrar uma razão para sua existência. O estado de sofrimento psíquico faz emergir o vazio existencial que insistimos em tamponar, pois a sua presença é o enfrentamento da verdade, com a “falta da falta”.
      A Falta, segundo Lacan refere-se á um “objeto perdido da espécie humana”. Já na visão de Freud, o objeto perdido está relacionado à história de cada sujeito. Assim Lacan nomeia o primeiro como “coisa” e o segundo, como objeto causa de desejo. O objeto perdido referente à história de vida do sujeito poderá ser novamente encontrado em objetos substitutos que nos deparamos ao longo da vida, mas, por traz desses objetos suplentes, o sujeito irá sempre de encontro à “coisa”, o objeto perdido da espécie humana. (COSTA, 2007)
    O ponto essencial na constituição do sujeito é a falta, pois é ela quem move o desejo e que consequentemente faz com que a angústia se torne presente quando o tamponamento do vazio com os “objetos substitutos” não é eficaz. O fracasso no emprego desses recursos faz com que a falta aponte, causando a sensação de vazio. Na concepção de Lacan, a angústia é a emergência do real que impele o sujeito a um estado de paralisia, fazendo-o se expressar pelo sentimento de desamparo, solidão e melancolia. (DANTAS E TOBLER, 2003)
     Com base em SILVA, NOGUEIRA E FRAGA (2009), o homem, no esforço de não sentir o vazio, busca no individualismo e no consumismo aniquilar a angústia. A fim de evitar o sofrimento o homem centra-se em si mesmo e, dificilmente, estabelece relações solidárias, tendo em vista o fato de que as relações em sociedade são regadas à superficialidade e à insegurança.

REFERÊNCIAS:

 FREUD, S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
 DANTAS, A, M; TOBLER, L, V. O sofrimento psicológico é a pedra angular sobre o qual repousa a cultura de consumo, 2003. 
 COSTA, T. Jacques Lacan e a falta de objeto. 2007. 
 SILVA, L, M, M; NOGUEIRA, M, V; FRAGA, B, V. O Vazio Existencial: de Lacan à contemporaneidade, 2009. 
 

domingo, 5 de maio de 2013

Atendimento psicológico (planos e particular)


Atendimento psicológico a crianças, adolescentes e adultos (particular e planos de saúde). Profissional: Jaqueline Tozato.
Consulte os planos no site: http://clincorpoemente.com.br/

sábado, 4 de maio de 2013

É depressão, ou só tristeza? :(

    
       A Depressão é um Transtorno oe Humor, caracterizado por uma alteração psíquica e orgânica global, com consequentes alterações na maneira de valorizar a realidade e a vida.
O Afeto é a parte de nosso psiquismo responsável pela maneira de sentir e perceber a realidade.
      A Depressão é uma das doenças psiquiátricas mais frequentes. Uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens, podem vir a ter crises depressivas durante a vida desde a juventude até à terceira idade. É uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimentos de tristeza que geralmente são reativos a acontecimentos da vida que passam com o tempo e não impedem a pessoa de viver normalmente. Nas pessoas deprimidas há uma diminuição da vitalidade e crianças também pode ser afetadas.
      Nas crianças, os sintomas da depressão se manifestam de forma diferente. Normalmente há mais queixas físicas do que psíquicas, havendo diferenças entre meninos e meninas. Geralmente eles ficam mais agressivos, apresentam problemas de conduta na escola. Elas ficam apáticas e se isolam. Como as crianças têm dificuldade de expressar o que sentem, os sintomas psicossomáticos podem ajudar os pais a identificar a doença.

Sintomas em Adultos
• Sentimentos de tristeza, vazio e aborrecimento;
• Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação;
• Sensações de insegurança e medos, preocupação com tudo, receios infundados;
• Diminuição da energia, fadiga e lentidão;
• Perda de interesse e prazer nas actividades diárias;
• Perturbação do apetite, do sono, do desejo sexual e variações significativas do peso;
• Pessimismo e perda de esperança;
• Sentimento de culpa, de auto-desvalorização, que podem atingir uma dimensão delirante;
• Alterações da concentração, memória e raciocínio;
• Sintomas físicos não devidos a outra doença (ex. dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral);
• Ideias de morte e tentativas de suicídio.

Sintomas em crianças
• Agitação, inibição psicomotora (3 a 6 anos);
• Irritabilidade, insegurança, sentimento de culpa, comportamento arredio, problemas de aprendizagem (7 a 10 anos);
• Sentimentos de inferioridade,introspecção, impulsos suicidas (11 a 14 anos);
• Choro sem razão aparente, alteração do sono, falta de apetite;
• Terror nocturno (pesadelos), insónia, manipulação genital, dores abdominais;
• Cefaleia (dor de cabeça);

Tristeza
     A tristeza é um dos vários sintomas da depressão, mas estar triste não é sinónimo de estar deprimido. "Estar pra baixo" não é uma doença, mas um sentimento normal em situações de perda, luto, frustração e insucesso. É importante não confundir depressão com stress. Uma diferença importante é que o stress pode ser eliminado com actividades relaxantes, enquanto na depressão elas não são suficientes. 
Tristeza:
• Não é uma doença e tende a desaparecer espontaneamente, com o passar do tempo;
• É um estado emocional transitório;
• Não interfere na rotina da pessoa;
• Tem causas facilmente identificadas, como uma desilusão amorosa ou a perda de ente querido.

Depressão
• É uma doença com vários graus de complexidade, que precisa ser tratada com profissionais especializados;
• Tem sintomas constantes e diferenciados;
• Provoca dificuldades para desenvolver tarefas quotidianas;
• É difícil identificar o motivo do desânimo e da tristeza;

Stress
• Pode levar à depressão, se prolongado;
• Pode aumentar com pressões do dia-a-dia, como excesso de trabalho, problemas familiares e problemas financeiros;

Fonte: www.psico-online.net

quinta-feira, 2 de maio de 2013

MELANCOLIA (Lars Von Trier)

 

      
       Histórias de vida, estrutura psiqúica e livre arbítrio... cada sujeito  tem como direito a liberdade de expressão e de idealizar sua vida como bem desejar. Tal condição possibilita a emergência de conflitos e divergências, contudo, também abrem caminho para discussões saudáveis, conscientizações e aprendizados que não aconteceriam se todos nós fossemos  iguais. O caso é que, com a possibilidade de sermos excepcionais em algo, no pensar e sentir, surgem as fragilidades de nosso psicológico, portas que possibilitam a origem de estados psíquicos e condições que, muitas vezes, permanecem como incógnitas. Um exemplo desses estados é a melancolia. Freud, em seu clássico texto Luto e Melancolia, já previa uma certa dificuldade para definir esta condição emocional que se assemelha ao luto, mas sem o contexto da perda. O problema na identificação da melancolia é que ela se manifesta de diversas formas, dificultando seu enquadramento em um bloco único. Para a psicanálise, a melancolia é o estágio mais extremo da depressão. A apatia do melancólico é fruto da perda de algo ou de alguém, que precisa ser compreendida e superada, em um processo semelhante ao do luto. A diferença é que, enquanto no luto a perda é compreendida, na melancolia ela é inconsciente: não se sabe o que foi perdido."Nada atrai o melancólico, a não ser o próprio  sofrimento. Ele está absorvido nele mesmo", diz Sandra Edler, autora de "Luto e Melancolia: À Sombra do Espetáculo" . A cultura atual conspira contra o melancólico, diz a psicanalista. "Se a pessoa perde algo, precisa se recolher, mas a vida a chama para um eterno desempenho, se não quiser perder espaço."
Por esse, entre outros motivos,  produção dirigida e escrita por Lars von Trier não poderia ter outro nome senão a desta disfunção emocional, MELANCOLIA.O filme mostra desde a felicidade, com pequenos desvios e falhas, até o árduo estado de desânimo e desinteresse pelas coisas do mundo em dois distintos episódios da história de duas irmãs, Justine e Claire. Assim como a melancolia definida por psicólogos, o filme não funciona em um único bloco, sendo dividido em duas partes que assemelham-se à curtas-metragens de mesmo elenco tamanha a divergência entre ambas: o que a princípio remete-nos a uma constrangedora reunião familiar realizada devido a comemoração do casamento de Justine, passando pelas tênues linhas entre o vergonhoso e o rotineiro dos comportamentos humanos, finaliza-se com nada mais, nada menos, que o fim do mundo através da visão de von Trier.
Fontes: 
* http://www1.folha.uol.com.br
* http://cinemaeafins.com